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21/06/2023
4 minutos de leitura
Se você não conhece o termo Venture Client, ou Cliente de Risco, calma! Deixa que eu te explico sobre essa solução de investimento no estilo Win x Win que a gente gosta.
O modelo de Venture Client é uma maneira eficaz e eficiente de acessar novas soluções de startup antes mesmo de chegarem ao mercado. Hoje, o modelo é considerado uma das principais evidências do relatório “Open Innovation Outlook 2023 – Macrotendências para 2023 no engajamento corporativo-startup” divulgado no final de 2022, pelo Mind the Bridge. De acordo com a pesquisa, 97% dos líderes seniores de inovação usam o Venture Client para atender às suas necessidades de inovação (especificamente desafios provenientes de unidades de negócios e negócios principais, Horizon1 no jargão), enquanto os 3% restantes planejam implementá-lo em breve.
Mas como funciona esse modelo de inovação? Simples. A empresa torna-se um cliente de risco em vez de um investidor de risco com o objetivo de aproveitar um benefício estratégico. O benefício estratégico surge da aplicação do produto inicial para melhorar um produto/serviço existente ou criar um novo, processo, modelo de negócios ou até mesmo todo o negócio. A solução da startup é aplicada em um ambiente real de negócios imediatamente, sem ser incubada ou acelerada.
Resumindo: é uma maneira de baixo risco e é relativamente barata para as empresas porque:
Tem insights estratégicos
Testa novas soluções de forma rápida e econômica
Benefícios de ofertas personalizadas
Apresenta uma solução antes que os concorrentes o façam (ou seja, uma vantagem de tempo de colocação no mercado)
Na prática, virar cliente das startups, em vez de investir nelas, pode aumentar em 10 vezes a quantidade de tecnologia que uma corporação pode trazer para dentro dela.
Vou explicar melhor. A pioneira neste tema foi a BMW, em 2015, com essa abordagem nova dentro do universo de inovação corporativa em que as startups se tornam fornecedoras de inovação para as empresas em um estágio muito inicial: antes que a oferta esteja madura ou totalmente desenvolvida, ou antes da startup ter um modelo de negócios comprovado. O que a BMW fez foi alimentar o crescimento de uma startup ao se tornar cliente dela. Em alguns casos, a empresa também pode fornecer feedback valioso sobre o novo produto ou serviço, permitindo que a startup faça iterações vitais.
Ou seja, corporações que usam o modelo de venture client, contratam as startups como clientes, não como investidores, parceiros ou matrizes. Além disso, este modelo beneficia as empresas ao fornecer acesso rápido a novas soluções e, ao mesmo tempo, dá às startups a receita inicial de que precisam para crescer.
Venture Clienting para as Empresas
Baixo risco para as empresas e grandes resultados para as startups - Antes de fazer grandes investimentos ou novos compromissos, com este modelo as empresas testam novas soluções inovadoras em estreita colaboração com as startups. Enquanto isso, ambas analisam se existe a possibilidade de promover um bom relacionamento a longo prazo.
Soluções personalizadas - As primeiras colaborações das empresas com startups que ainda não desenvolveram totalmente suas ofertas podem solicitar funcionalidades e alterações de acordo com os seus serviços e produtos.
Custos iniciais mais baixos - Ferramentas de inovação de venture capital, incubadoras ou aceleradoras costumam exigir um investimento inicial para operações, manutenção e contratação. Quando comparado ao modelo de Venture Client, o investimento é mais econômico. Exemplo: em alguns casos, a companhia pode alocar um orçamento para cobrir parte dos custos da startup, custo que costuma ser menor do que o financiamento direto.
Processo de inovação acelerado - O modelo de Venture Client permite que as empresas avancem para o estágio final do processo de inovação sem ter que construí-las internamente. Acontece que essa construção interna pode levar anos de pesquisa e desenvolvimento, principalmente quando a companhia não tem experiência em inovação.
Cultura de inovação no DNA - Sob o modelo de cliente de risco, diferentes unidades dentro de uma corporação trabalham em estreita colaboração com equipes de startups, ganhando exposição a novas abordagens prontas para uso. A colaboração ajuda a impulsionar o pensamento empreendedor das empresas, levando a uma cultura de inovação mais robusta.
Venture Clienting para as Startups
Autonomia e equidade - No modelo de venture client, as startups estão simplesmente conquistando um cliente, sem perda de autonomia, patrimônio ou controle.
Validação confiável baseada em casos reais - Os produtos em estágio inicial são testados em sua capacidade de resolver desafios corporativos reais. Os dados e o feedback coletados levam a melhorias valiosas no produto, mesmo que a solução não seja adotada pela empresa.
Receita antecipada do cliente - A receita que as startups receberão virão enquanto estiverem desenvolvendo seu produto ou serviço. Isso pode fornecer a receita necessária para financiar o desenvolvimento futuro, aumentando a chance de sucesso a longo prazo.
Acesso ao conhecimento e experiência do setor - Trabalhar em estreita colaboração com empresas permite que as equipes de startups obtenham um conhecimento mais aprofundado dos setores que atendem. Em alguns casos, as empresas podem até fornecer treinamento e orientação valiosos para ajudar a levar a startup ao próximo nível.
Autor:
Camila Farani
CEO e Investidora-Anjo