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22/10/2021
5 minutos de leitura
Estamos vivenciando o futuro. É verdade! A tecnologia e a inovação nos permitiram trilhar este caminho do futuro tecnológico em pleno 2021. Acontece que as startups de computação quântica estão avançando no mercado de capitais e ganhando destaque por suas projeções bastante otimistas.
Mesmo que este tema não soe tão familiar para muitos, a computação quântica é uma tecnologia que vai revolucionar a atual visão que temos hoje sobre os computadores. Isso porque esta tecnologia consiste em acelerar o processamento de comandos e cálculos em computadores em uma velocidade que é quase impossível de ser alcançada.
E agora, após 35 anos de vida, a pesquisa sobre este tema saiu da esfera científica e ganhou novos olhares no mundo dos negócios, após o anúncio de abertura de capital de duas empresas, a IonQ (empresa de hardware e software de computação quântica sediada em College Park, Maryland) e a Rigetti Computing (desenvolvedora de circuitos integrados quânticos, baseada em Berkeley, Califórnia, usada para computadores quânticos).
Acontece que, após estrear na Bolsa de Valores de Nova York, a IonQ passou a ter um valor de mercado de US$2 bilhões e foi uma das grandes apostas dos investidores. Em seguida, a Rigetti Computing informou que também entraria no mercado após vender parte de seu capital a uma empresa de propósito específico (Spac), que já está listada na Bolsa. Com isso, a companhia passou a ser avaliada em torno de US$1,5 bilhão.
Em paralelo a este cenário, várias empresas concorrentes demonstraram interesse em buscar financiamento no mercado de capitais. A PsiQuantum, empresa fundada por físicos britânicos no Vale do Silício, é uma que arrecadou US$450 milhões com investimentos da BlackRock e da Baillie Gifford. Com este aporte, a empresa alcançou um valor de avaliação superior a US$3 bilhões. Sua intenção é desenvolver um computador quântico com viabilidade comercial até 2025, segundo consta em matéria do Valor Econômico.
Outra startup ganhou destaque ao assinar um acordo para investir US$300 milhões em sua unidade de computação quântica, a Honeywell, multinacional estadunidense que produz grande variedade de produtos de consumo, serviços de engenharia e sistemas aeroespaciais. Isto porque, a empresa fechou uma parceria com a Cambridge Quantum Computing, empresa independente de computação quântica, e deixou em aberto a ideia de abrir o capital futuramente.
A corrida para investir nessas tentativas iniciais, somada à série de novas startups desmembrando-se de laboratórios de universidades pelo mundo, de Sydney a Sussex, marca um ponto de inflexão na forma como a comunidade de investimentos vê a computação quântica.
Para ficar por dentro!
O mercado da computação quântica é formado por provedores de poder de processamento quântico e por companhias que agem como intermediárias entre estes e os consumidores, ajudando as organizações a começar experimentos com essa tecnologia, com soluções que vão de treinamentos a softwares.
A IBM – International Business Machines Corporation, por exemplo, oferece acesso via cloud a seus processadores quânticos desde 2016. Inclusive, a empresa anunciou um roadmap de 1.000 qubits para 2023, que pode ser um marco para a criação de valor. Assim como a D-Wave, empresa de quantum annealing, que oferece sua solução de abordagem quantum annealing desde 2010.
Setores como logística e transporte, financeiro, energia, farmacêutico, químico e industrial, em que a computação quântica tem grande potencial, já estão envolvidos em experimentos.
A McKinsey, empresa de consultoria empresarial americana, prevê que, até 2030, de 2 mil a 5 mil computadores quânticos estejam em operação no mundo. No entanto, segundo a consultoria, a computação quântica como serviço poderá ser ofertada muito antes – já entre 2022 e 2026 – pelos provedores de cloud. Com isso, as organizações poderão apostar em soluções híbridas, entre computação quântica e convencional.
Uma breve história
A história da computação quântica remete à 1981, quando foi apresentada em uma conferência do MIT (Massachusetts Institute of Technology), pelo físico Richard Feynman, que apresentou uma proposta para a utilização de sistemas quânticos em computadores, que teriam uma capacidade de processamento superior aos computadores comuns. Mas a pesquisa em torno desse tema existe desde a década de 50, quando os cientistas pensavam em aplicar as leis da física e da mecânica quântica nos computadores.
Desde sua introdução no MIT, o primeiro computador quântico surgiu em 1985, descrito por David Deutsch, da Universidade de Oxford, que apontou a Máquina de Turing Quântica, a qual ele simularia outro computador quântico. Já em 1994 foi a vez do professor de matemática, Peter Shor, em Nova Jersey, desenvolver o algoritmo de Shor capaz de fatorar grandes números numa velocidade muito superior à dos computadores convencionais.
O primeiro algoritmo para pesquisa de base de dados quânticos surgiu em 1996, por Lov Grover e em 1999 foram construídos os primeiros protótipos de computadores quânticos utilizando montagem térmica, no MIT.
Orion, um processador quântico de 16 qubits que realiza tarefas práticas, foi desenvolvido pela empresa canadense D-Wave, em 2007. E foi em 2011 que surgiu o primeiro computador quântico para comercialização, que possui um processador de 128 qubits, mas ele ainda dependia de outros computadores convencionais para funcionar.
A maturidade da tecnologia veio em 2017, quando a D-Wave Systems lançou comercialmente o 2000Q, um computador quântico de 2000 qubits, pelo valor de US$ 15 milhões. No mesmo ano, o físico brasileiro, Guilherme Tosi, em conjunto com uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, inventou uma nova arquitetura radical para a computação quântica, baseada em ‘flip-flop qubits’ que permite a fabricação de processadores quânticos em larga escala pode se tornar, consideravelmente, mais barata e mais fácil, sem precisar do processo complexo da colocação precisa de átomos de silício no processador.
Autor:
Camila Farani
CEO e Investidora-Anjo